Nome científico:

Hyla molleri (Bedriaga, 1890) 

Nome comum:
Rela ibérica
Família:
Hylidae

 

 

É uma pequena rã com 3,5 a 4,5cm de tamanho. A cabeça é arredondada, o lábio superior é descaído, as pupilas dos olhos são elípticas e horizontais. De cada lado da cabeça há um tímpano facilmente identificável. A pele do dorso é suave, brilhante e normalmente de cor verde-folha. Dependendo da temperatura, humidade ou disposição do indivíduo, a sua cor dorsal pode variar entre as tonalidades verde-tropa a verde intenso, passando pelos matizes cinzentos, acastanhados ou amarelados. Separando o ventre acinzentado a branco-amarelado esta rela exibe lateralmente uma larga banda negra contínua e bem marcada. Esta é visível desde a narina, trespassando o olho e o tímpano e estendendo-se pelo rebordo do ventre até à virilha. Só esta longa banda escura distingue bem esta rela da congénere Hyla meridionalis. As relas possuem distintivamente discos adesivos nas pontas dos dedos que permitem-lhes a atividade arborícola. Nas patas posteriores apresentam membranas interdigitais relativamente bem desenvolvidas. O macho distingue-se da fêmea pelo grande saco vocal preso na zona da garganta. 

 

Habitat e Ecologia

Vive nas orlas dos charcos, lagoas e ribeiras com vegetação emergente alta e densa (juncos, canas ou silvas) que utiliza como refúgio. Também pode ser observada em prados húmidos e terrenos encharcados, com vegetação herbácea e arbustiva, abundantes. Todavia ao sul do Tejo há uma presença marcante e fortemente competitiva por parte da rela magrebina (Hyla meridionalis), espécie mais eclética que progressivamente vem ocupando os biótopos mais propícios. Nos locais partilhados por ambas, a Hyla meridionalis é quase sempre mais abundante que Hyla molleri.

 

Período mais favorável à observação

A época de reprodução começa na primavera, quando os machos coaxam e exibem os seus sacos vocais nos meios aquáticos e atraem ali a presença das fêmeas. No pico do verão e na época fria entram em letargia, abrigando-se em cavidades do solo, folhas, troncos ou raízes. Por regra não hibernam. Na Herdade da Mitra esta rela surge escassamente, porque a região de Évora está no limite periférico da sua distribuição geográfica em Portugal. Mas esta rela ouve-se num charco existente junto à estrada da Mitra e também nas orlas da Ribeira da Viscosa e da Ribeira de Valverde. 

 

Curiosidades

Na época de acasalamento primaveril, o macho coaxa metralhadamente um sonoro guec-guec-guec-guec que se ouve bem à distância, mas que nunca se confunde com as vocalizações da rela magrebina.

Quando a rela está imóvel na vegetação e com as patas recolhidas encostadas ao corpo, as pontas terminais das longas bandas negras laterais são visíveis acima das virilhas. Deste modo elas dão a ilusão de criar falsos olhos negros de cobra, assim figurados na traseira do animal. Este é considerado um mecanismo de defesa face a eventuais predadores alados. 

 

Distribuição

Até há pouco tempo era considerada uma espécie da Europa ocidental, mas recentemente veio a demonstrar-se ser um endemismo ibérico. 

Em Portugal continental esta rela nativa distribui-se variavelmente desde o norte, através do território continental geralmente abaixo dos 700 m de altitude, até à linha do Rio Tejo. Para sul desta linha passa a ser escassa e dispersa em núcleos muito fragmentados, sobretudo no Alto Alentejo, até desaparecer. Está também presente no Alentejo Litoral e no Sudoeste Algarvio. A sua distribuição meridional parece em regressão, quiçá por avanço competitivo da congénre introduzida Hyla meridionalis.