Herpestes ichneumon (Linnaeus, 1758)
Corpo alargado, cabeça fina, cauda longa e peluda que estreita e termina numa mecha de pelos mais escuros. Corpo coberto por pelos longos castanhos-claros e pardos, que ao andar, escondem as suas patas curtas com garras não retrácteis.
Focinho afilado e pupila horizontal, com os olhos mais rasgados de entre os carnívoros.
Tamanho do corpo varia entre 50 e os 55 cm e a cauda entre 33 e 45 cm. Não há diferenças significativas entre o tamanho dos machos e das fêmeas.
Pegadas muito pequenas relativamente ao tamanho do animal. É possível observar 4 dedos nas patas anteriores e 5 nas posteriores, as garras bem marcadas e, geralmente, isoladas das almofadas digitais. A almofada interdigital da pata posterior é bastante assimétrica com o quinto dedo inserido muito atrás.
Excrementos de forma cilíndrica, com estrangulações e, usualmente, mais compactos do que os de Geneta. Apresentam cor acinzentada devido à abundância de pelos de coelho-bravo. São muitas vezes depositados aleatoriamente no solo, embora perto das tocas se possa encontrar acumulação de dejetos dispersos.
Habitat e Ecologia
Espécie típica de montado mediterrânico, zonas de medronheiro, esteva e olival, embora possa frequentar ambientes dispersos na Península Ibérica, desde que disponha em abundância de densa vegetação arbustiva. Em zonas de cultivo refugia-se no meio de silvas e perto de cursos de água.
Apresenta hábitos diurnos e não forma grupos sociais, embora seja comum a observação da fêmea com as crias desse ano. O acasalamento ocorre na Primavera, nascendo 2 a 4 crias entre Julho e Agosto.
É generalista e oportunista, caçando a espécie mais abundante no seu habitat. A dieta é dominada por coelhos jovens ou micromamíferos, mas também pode incluir artrópodes, aves, anfíbios, répteis, crustáceos, frutos e cogumelos. A composição da dieta parece variar em função do sexo, consumindo os machos significativamente presas de mais porte do que as fêmeas.
Na Herdade da Mitra pode observar-se na orla de secções bem conservadas de galerias ripícolas.
Período mais favorável à observação
É uma espécie de fácil visualização, uma vez que os seus hábitos são diurnos. Observa-se muitas vezes a atravessar estradas alcatroadas ou em caminhos de terra batida.
Distribuição
Espécie nativa de África, fora deste continente está presente apenas desde a Península do Sinai ao sul da Turquia e na Península Ibérica, onde se pensa ter sido introduzida.
Acredita-se que tenha sido introduzida na Europa, uma vez que não existem registos de fósseis que confirmem uma presença no Pleistoceno e Holoceno, quando já se podia encontrar no Norte de África. Contudo, estudos recentes, envolvendo genética molecular, suportam um cenário de dispersão do saca-rabos para a Europa durante o Plistoceno Tardio, coincidente com flutuações do nível do mar mediterrânio.
Na Península Ibérica ocupa principalmente a região sul, correspondente ao Algarve e Alentejo, e ao equivalente espanhol. Em Portugal é residente. No início dos anos 90 este carnívoro expandiu-se para além do Rio Tejo, em direcção ao norte do país e, recentemente, foram registadas observações frequentes da espécie em zonas do centro e norte de Portugal continental.