Nome científico:

Emys orbicularis (Linnaeus, 1758)

Nome comum:
Cágado de carapaça estriada
Família:
Emydidae

 

 

Tartaruga de água doce que apresenta uma carapaça abaulada escura; o seu padrão cromático distintivo é ter um raiado de estrias amarelas em cada placa da carapaça. A pele do pescoço e das patas está sarapintada de amarelo, sobre um fundo escuro.

O tamanho do corpo ronda os 15 a 17 cm; por vezes as fêmeas são ligeiramente maiores e mais pesadas do que os machos. Porém o macho distingue-se externamente da fêmea, porque tem o plastrão (carapaça ventral) um tanto côncavo e um pouco mais curto, o que lhe proporciona uma maior mobilidade.

 

Habitat e Ecologia

Ocupa uma diversidade de massas de água naturais e artificiais, tais como, charcos, lagoas, grandes tanques e represas, ribeiras temporárias e sapais. Contudo mostra uma preferência seletiva tanto pela qualidade da água, como pela corrente escassa ou nula e pela abundância de cobertura vegetal aquática, dentro e fora (nas margens). Estas zonas húmidas estão frequentemente cercadas por paisagens largamente arborizadas. É geralmente considerada uma tartaruga semi-aquática, pois os seus movimentos terrestres podem estender-se para longe da água por 1 a 3 km. É um animal muito reservado, mergulhando ao menor indício de perigo. Assim evita as zonas mais humanizadas e é bastante sensível às atividades agrícolas e pecuárias, sobretudo as mais intensivas.

 

Período mais favorável à observação

A partir dos dias primaveris solarengos inicia-se a atividade deste cágado, o qual eventualmente pode ser observado a tomar sol sobre troncos ou rochas, nas horas centrais do dia. Mas é uma espécie muito escassa e tende a ser esquiva à aproximação humana.

Na Herdade da Mitra este cágado foi observado poucas vezes: nos pegos da Ribeira da Viscosa; ocasionalmente um indivíduo a atravessar a estrada municipal da Mitra e também um indivíduo misturado com vários cágados mouriscos nas margens da Ribeira de Valverde.

 

Curiosidades

O nome científico latino orbicularis (= 'em torno dos olhos') refere-se aos olhos, encaixados nas cavidades das órbitas, os quais são relativamente sobressalientes face ao crânio.

Esta espécie é altamente protegida por legislação nacional e europeia, pelo que não é de todo permitido reter este cágado em cativeiro ou como mascote, como ainda é comum por parte das pessoas que acham graça a este animal.

Pensa-se que esta espécie teria sido difundida pela Europa Ocidental também com a ajuda humana. Uma prática medieval dos mosteiros beneditinos era usar o cágado como alimento durante o jejum pascal. A espécie era capturada, transportada e mantida nos tanques de água dos mosteiros. Isto porque sendo um animal aquático era considerado piscícola –  portanto fora do alvo da sanção eclesiástica cristã em relação ao consumo de carne durante a Páscoa. Ainda hoje nalgumas zonas de Portugal e da Galiza este cágado é chamado popularmente de sapo-concho (literalmente um sapo com concha) o que denota a ideia piscícola.

 

Distribuição

Espécie de distribuição paleártica, embora tenha pequenos núcleos populacionais muito dispersos, tanto através da Europa Ocidental, como em Portugal, sendo considerada uma espécie rara.