Nome científico:

Hemorrhois hippocrepis (Linnaeus, 1758) 

Nome comum:
Cobra escaropã; escaropão; cobra de ferradura
Família:
Colubridae

 

 

Serpente de cabeça ligeiramente achatada, que mostra caracteristicamente uma mancha dorsal escura em forma de ferradura na zona posterior da cabeça. Os olhos grandes têm pupila redonda e íris amarela sombreada de negro. Tanto o corpo como a cauda desta cobra são longos e delgados (até 170 cm de comprimento total).

A cauda termina de modo tão afilado quanto uma ponta de chicote. O desenho corporal desta serpente, embora variável nas tonalidades de fundo (escuras, pardacentas ou acinzentadas), apresenta sempre e distintivamente uma série médio dorsal de 60 a 65 bolas, ou manchas escuras ovaladas, dispostas espaçadamente ao longo do corpo. Frequentemente essas bolas escuras estão rodeadas por, ou entrelaçadas com uma orla branca amarelada, em extensão decrescente até à cauda.

O ventre é esbranquiçado, amarelado, rosáceo ou alaranjado, salpicado de manchas negras nas bordas ou no centro.

Em comparação com os adultos, os juvenis exibem um padrão cromático mais contrastante: cor de fundo mais clara e franjas escuras entre manchas mais largas. 

 

Habitat e Ecologia

Ofídio muito eclético que ocupa uma grande variedade de biótopos. Mostra preferência por áreas secas e pedregosas, locais abertos bem batidos pelo sol, designadamente grandes clareiras de carvalhais, soutos, montados, pinhais e olivais, onde possa facilmente encontrar refúgio. Para se esconder usa também ruínas de construções velhas. Ademais esta serpente facilmente habita em zonas com forte presença humana, onde comensalmente é atraída pelas abundantes populações de roedores.

Excelente trepadora, muito ágil, tanto sobe às árvores como se instala nos telhados dos edifícios e outros locais onde encontre abrigo. Este comportamento, aliado aos seus hábitos predominantemente diurnos, propicia encontros frequentes com os humanos. Ao sentir-se assustada pelas pessoas a primeira reação desta cobra não venenosa, é fugir velozmente para qualquer eventual abrigo nas proximidades. Contudo se fica encurralada reage agressivamente, simula ataques, silva e bufa, tentando assim dissuadir o avanço das pessoas.

 

Período mais favorável à observação

Ativa durante todo o ano. Embora no outono e inverno aproveite apenas alguns dias ensolarados para sair do abrigo e tomar um banho de sol, a sua atividade é mais intensa durante a primavera e no início do verão, em plena época reprodutora.

Na Herdade da Mitra pode ser observada nos buracos dos muros, nos telhados dos edifícios, nas ruínas dos moinhos de água, em torno dos celeiros e instalações pecuárias, escondida nas caixas de betão de visita ás instalações elétricas, em torno dos edifícios e do canal experimental de rega e, por vezes, trepando nos grandes troncos dos sobreiros.

 

Curiosidades

O nome regional escaropão que significa 'ser irascível', faz jus ao comportamento desta serpente que,embora inofensiva, tem tendência para a irascibilidade e a propensão para simular ataques, sobretudo por parte dos juvenis escuros. Por isso, as pessoas menos conhecedoras confundem-na com as víboras ou assumem, erradamente, que esta cobra é venenosa. Muitas vezes, em pânico e irracionalmente, matam-na, sem se aperceberem do serviço que presta, nas zonas urbanas e rurais, em prol do extermínio de pequenos roedores.

 

Distribuição

Para além do Magrebe, esta cobra distribui-se pela região mediterrânica ibérica. Em Portugal continental ocorre nos territórios de cariz predominantemente mediterrânico, geralmente abaixo dos 700 m de altitude. Esta espécie está aparentemente ausente das grandes planícies aluviais da Beira Litoral, Ribatejo e Alentejo Litoral.