Nome científico:

Macroprotodon brevis (Günther, 1862)

Nome comum:
Cobra de colar negro
Família:
Colubridae

 

 

Serpente de pequeno a médio porte, relativamente delgada, os adultos raramente ultrapassam mais de 65 cm de comprimento total. Corpo pardo claro ou acinzentado com manchas escuras irregulares, alternadas com tonalidades rosadas, dispostas num axadrezado um tanto indefinido e espalhado ao longo do corpo.

A cabeça pequena, ligeiramente achatada, exibe uma grande mancha escura em forma de escudo. Em torno do pescoço há distintiva e marcadamente uma banda negra que se assemelha ao desenho de um colar. Esta característica peculiar ajuda a distingui-la da cobra lisa Coronella girondica com a qual se pode confundir.

O ventre é geralmente rosado, amarelado ou esbranquiçado e muitas vezes apresenta manchas escuras ou pretas axadrezadas.

 

Habitat e Ecologia

Serpente encontrada principalmente em áreas florestais abertas, tais como pinhais e montados. Surge em encostas arborizadas, matagais mediterrânicos, cascalheiras e afloramentos rochosos. Muitas vezes abriga-se em fendas e túneis húmidos dentro dos rochedos. Ocorre também em áreas de matagal relativamente aberto, na proximidade de pedras, muros ou construções agrícolas onde encontra refúgio. Parece ainda manifestar alguma preferência por solos xistosos e pouco compactados.

 

Período mais favorável à observação

Esta cobra fica ativa de março a outubro. Os seus hábitos são mais crepusculares e noturnos, permanecendo abrigada no seu esconderijo durante o dia . Estes hábitos secretivos dificultam a sua deteção, pelo que apenas é observada quando se levantam as pedras onde se esconde.

Na Herdade da Mitra já foram observados vários exemplares nas áreas de montado, geralmente debaixo de pedras.

 

Curiosidades

O nome científico Macroprotodon significa literalmente 'grandes dentes primitivos'. De facto esta serpente é venenosa, embora opistóglifa, ou seja, as presas inoculadoras de veneno encontram-se na parte mais interior da boca. É uma cobra herpetófaga, isto é, alimenta-se preferencialmente de pequenos lagartos e afins (ex. lagartixas, licranços). Produz um veneno de cariz neurotóxico bastante eficaz quando injetado numa pequena presa. Surpreendentemente é uma cobra dócil que se acalma rapidamente após ser capturada e depois de ter mostrado alguma agressividade em vão.

 

Distribuição

Espécie de cariz mediterrânico, originária do norte da África. Embora ocorra em dois terços da Península Ibérica, geralmente abaixo dos 500 m de altitude, é um dos ofídios mais escassos e pouco conspícuos que ocorrem em território português. Está presente no Alto Douro, mas distribui-se, essencialmente, a sul do rio Tejo, onde pode ser localmente comum em áreas favoráveis de montados e matagais mediterrânicos. A sua distribuição conhecida é provavelmente menor que a distribuição real, devido aos hábitos muito secretivos desta cobra o que dificulta a sua observação.