Nome científico:

Malpolon monspessulanus (Hermann, 1804)

Nome comum:
Cobra rateira
Família:
Lamprophiidae

 

 

Serpente de grandes dimensões, que pode facilmente ultrapassar os 2 m de comprimento total. A cabeça é relativamente alta e estreita, com um focinho pontiagudo. De cada lado, as escamas/placas cefálicas supraoculares e o bordo superior das escamas preoculares formam uma distintiva viseira sobressaliente, debaixo da qual se protege o olho alaranjado muito grande.

A espécie apresenta dimorfismo sexual no padrão cromático. No macho adulto, com tonalidades de fundo entre os pardos claros e os esverdeados, o desenho dorsal é bastante uniforme; exibe ainda uma mancha negra na parte anterior, junto ao pescoço. Na fêmea, e nos jovens imaturos, o desenho corporal é ricamente variegado de negros, brancos, cinzas e castanhos, com um efeito de camuflagem no coberto vegetal. 

 

Habitat e Ecologia

Espécie muito eclética, ocupa uma grande variedade de biótopos mediterrânicos, desde o nível do mar às zonas serranas. Pode ser encontrada em áreas de mato, zonas pedregosas abertas, ruínas abandonadas e pedreiras; bosques de carvalhos, soutos, pinhais e montados; jardins, áreas agrícolas, etc. 

 

Período mais favorável à observação

Apresenta atividade desde a primavera ao outono, sendo mais facilmente observável nos dias solarengos. Esta serpente é eminentemente diurna, ainda que no pico estival possa usar o período crepuscular.

Na Herdade da Mitra, é amiúde encontrada a deambular ativamente por entre a vegetação. Pode também ser observada sobre o asfalto das estradas, que procura para se aquecer, por vezes morta por atropelamento.

 

Curiosidades

Este ofídio opistóglifo produz um forte veneno de caraterísticas neurotóxicas, mas é inofensivo para os humanos, pois os dentes inoculadores inserem-se na parte traseira das mandíbulas. Isto significa que a cobra precisa de abocanhar a presa e mantê-la parcialmente engolida, por uns instantes, para que o veneno possa ser injetado e fazer efeito.

Dada a sobressaliência da sua viseira e a grande dimensão dos seus olhos, é-lhe atribuído, nos meios rurais, um olhar fixante e feroz, capaz de hipnotizar os pássaros. A este propósito, são contadas estórias fantásticas para encantar as crianças, segundo as quais a cobra se mostra bem no solo, atraindo passeriformes, que olha fixamente, surtindo um encantamento desconcertante que atrai e prende cada vez mais a atenção das pequenas aves; estas caminham, então, passo a passo de modo irresistível até ao alcance do ataque rápido da serpente. Embora estas sejam estórias para crianças, são os adultos quem mais acredita nesta efabulação, que é apenas uma crendice popular, sem fundamento.

 

Distribuição

Distribui-se pelo norte de África, sul da Europa e Médio Oriente. É uma das cobras mais comuns na Península Ibérica e com a distribuição mais extensa.